Desde o final do ano passado, as “notícias falsas” ganharam destaque, com a sua influência na eleição do presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro, no passado ao lado de Donald Trump nos Estados Unidos, e através de uma série de reportagens no DN. o pouco conhecido “mundo” de dados falsificados ou manipulados no país foi exposto.
O jornalista Paulo Pena, numa série de reportagens sobre o assunto no DN, apontou à Lusa as diferenças entre os sites da Internet em Portugal e outros países, acrescentando os europeus.
Uma das diferenças está na política, que aparece menos nas páginas portuguesas, embora os políticos também sejam o alvo.
“As ‘notícias falsas’ políticas no resto da Europa são basicamente sobre imigração, refugiados, diferenças, interculturalidade e Islã. Aqui em Portugal, não faria sentido e, portanto, o tópico máximo oferecido nesses tipos de ‘sites’ de desinformação é a corrupção, a forma como acusam os políticos de roubar dinheiro”, disse.
É o caso de Assunção Esteves, ex-presidente da Assembleia da República, porque, em 2012, optou por se aposentar como juíza do Tribunal Constitucional, em vez do salário de deputada e segunda personagem do Estado.
Algo que foi comentado através de uma página online e que “é mentira”, lembrou Paulo Peña à Lusa.
Uma característica comum destas páginas, em português, é o baixo peso da política nas publicações que publicam.
“São histórias de celebridades, de Cristiano Ronaldo, de futebol, de apresentadores de televisão. Ao contrário do que aconteceu nos Estados Unidos, onde a política era comercializável em si mesma, tornou-se um negócio inteligente. Aqui a política é residual, mas ela existe e o efeito desses ‘sites’ é exatamente galvanizar um movimento político”, segundo a descrição do jornalista.
“Aparentemente, o que torna outras pessoas críveis é o fato de que a política não é constante”, acrescentou.
A estratégia destes sites da Internet é criar “notícias” baseadas em informações verdadeiras, mas isso é feito de forma exagerada ou fora de contexto.
O simplemente es información manipulada, como ocurrió con el reloj de Catarina Martins, supuestamente valorado en 20 millones de euros, distribuido a través de una página online y que, al fin y al cabo, es un experimento para demostrar lo sencillo que es engañar a a gente.
Mas houve outras que foram notícia, como a fotografia de José Sócrates e dos seus amigos, em que se pretendia que aparecesse a nova procuradora-geral da República, Lucília Gago, que chegou a ser divulgada em páginas de esquerda do Facebook. Foi preciso que a comunicação social “desmantelasse” a trama e foi fácil perceber que a conhecida procuradora não se parece em nada com Lucília Gago.
E o que diz, além da história, quem o faz, quem gere essas páginas associadas, através do DN, à desinformação ou à manipulação?
A empresa Lusa realizou um questionário aos responsáveis por vários destes “sites” ou às suas contas nas redes sociais: os “sites” são a base para a divulgação de informação, que em Portugal é feita especificamente no Facebook.
Raramente há ligações para lá. As respostas obtidas, sejam mensagens de e-mail ou de Facebook, raramente são acompanhadas de uma chamada ou de uma assinatura. Contatos telefônicos, nenhum.
Numa troca de mensagens no Facebook, um responsável dos Bombeiros 24 (a conta do Facebook tem 331. 152 fãs) disse à Lusa que o site “não desinforma nem manipula”, que “a veracidade dos artigos é verificada antes da publicação”.
A pergunta: “Você está ciente de que por meio de uma página online dessa natureza você pode desinformar e/ou manipular quem a lê?”E, como em outros casos, a mensagem não tem assinatura.
“Eles estão envolvidos em sites da Internet que publicam notícias falsas. Obviamente há um ataque à página online ‘bombeiros24’ devido à sua popularidade”, respondeu.
E em relação às acusações associando o “site” a “fake news”, a reação foi: “São acusações falsas e infundadas. Os artigos publicados até o momento no “site” são baseados exclusivamente em suposições.
À semelhança de outras páginas, o Luso Jornal 2015 recusa-se a dedicar-se à criação de “fake news”, numa resposta que ainda não foi assinada.
“Como não geramos dados ou simplesmente republicamos, não considero isso uma manipulação. Acredito que apenas os menos informados podem ser manipulados. E, naquela época, com acesso a tudo na Internet, só quem precisa pode ser manipulado. Existe uma maneira de saber a verdade”, disse a reação.
Nenhum dos que responderam à Lusa forneceu dados sobre o seu financiamento, mas garantiram que não publicariam mensagens de forças políticas, líderes, activistas de movimentos políticos ou corporações para se associarem a motivos ou darem a conhecer as suas posições.
“Mesmo que o fizessem, não teriam resposta”, afirma o diretor do Fire 24.
O Luso Jornal 2015 apoia contactos, mas ignora-os na maioria das vezes. “Na maioria das vezes não posto por motivos”, lê-se na reação da Lusa.
Em relação aos meios institucionais, o diretor destes teoriza e sugere “falar sobre consciência” e se eles têm “essa consciência” de serem desinformadores ou manipuladores.
Tal como Pompiers 24, especifica que os seus artigos “provêm de jornais e jornais nacionais de renome”.
“Se desinformam e manipulam, isso também, claro, mas hoje só quem precisa é influenciado”, insistiu, questionando: “Os meios de comunicação nacionais não estão a desinformar? na sua linha, certo?
Outro site, o Vamos lá Portugal, que tem 834. 123 seguidores no Facebook, não respondeu às perguntas e apenas disse estar interessado em uma parceria. E mais de uma dúzia simplesmente não respondeu ao questionário.