No dia 2 de agosto do ano passado, a última escala do físico Ricardo Magnus Osorio Galvao para o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) terminou em São José dos Campos, interior de São Paulo. O primeiro temporariamente e discretamente em 1970, quando o então recém-formado engenheiro de telecomunicações ficou lá por cerca de um ano antes de ser transferido para a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Este último, como diretor do instituto federal, durou 3 anos e acabou como notícia vital no Brasil e no exterior. Galvao defendeu publicamente a exatidão e equidade do conhecimento do INPE sobre o desmatamento na Amazônia, uma pintura de qualidade identificada há anos em todo o mundo, em oposição à denúncia infundada de ministros de Estado e do presidente Jair Bolsonaro. Ele foi exculed nessa data e retornou à sua tarefa no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP).
Quase um ano após o incidente, Galvao, como o maior brasileiro da epidemia de Covid-19, está isolado, junto com sua esposa, em sua fazenda em Paraibuna, interior de São Paulo. Além de preparar os cursos, o físico pode se dedicar a duas outras paixões na propriedade rural: criar abelhas e pedalar. Nesta entrevista, dada por meio de uma aplicação, o pesquisador relembra seu início na carreira de um cientista, sua especialidade, a física plasmática (um estado de matéria semelhante a um combustível no qual o componente dos componentes é ionizado), e lembra sua partida ruidosa. fora do Inpe.
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Infelizmente, o desmatamento já dava sinais de estar aumentando e agora está bastante fora de controle. Esse aumento é muito preocupante. Neste ano, segundo dados do Deter [Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real], do Inpe, que emite alertas de desmatamento, o corte de vegetação está ocorrendo durante a estação da chuva na Amazônia, quando usualmente o desflorestamento tende a ser bem menor. Normalmente, a época mais intensa do desmatamento começa no fim de maio e vai até outubro. A Política Nacional sobre Mudança do Clima, instituída por uma lei de 2009, estabeleceu que em 2020 o desmatamento no país deveria ser menor do que 4 mil km². Certamente o governo não vai cumprir essa lei. Um relatório técnico recente do Inpe mostra que, de agosto de 2019 até maio deste ano, nós já desmatamos na Amazônia 89% do que havíamos feito em todo o ano passado. Se o descontrole continuar, tenho quase certeza de que a taxa anual do desmatamento vai passar dos 12 mil km². Há também o problema das queimadas, que ocorrem principalmente depois do desmatamento, quando o clima está mais seco. A poluição no ar se torna terrível e há um grande aumento de doenças pulmonares. Se o auge da pandemia de covid-19 atrasar na Amazônia, o pico de infecções do novo coronavírus pode coincidir com o das queimadas. Essa situação poderia levar à completa falência do sistema de saúde na região Norte.
O desmatamento em espaços indígenas é em grande parte promovido por meio da mineração ilegal. Nas terras Yanomami em Yanomami, há mais de duzentos mineiros não autorizados. Há outras pessoas que entram nos espaços, desmatam e movem o coronavírus para outros aborígenes.
É vital que esta história seja gravada. Meu tempo no Inpe foi muito vital para mim, especialmente para desenvolver minha sabedoria em outras regiões da ciência. Também aconteceu comigo quando eu estava à frente do CBPF [Centro Brasileiro de Pesquisa Física, um estabelecimento federal que ele dirigiu de 2004 a 2011]. Quando cheguei ao Inpe, mal sabia nada sobre a progressão do satélite ou descartei o fator de substituição climática. Comecei a examinar essas regiões, com as quais eu era extremamente alegre. O Inpe desenvolveu satélites para aplicações vitais, como sensoriamento remoto e controle de desmatamento. Hoje, a pequena tecnologia de satélite, que pesa até cem quilos, tornou-se muito barata. Ao longo de 2018, participei de uma organização de trabalho criada através do governo federal para reformular o programa de área do Brasil. Fiquei muito entusiasmado com as probabilidades e envolvimento do Inpe neste tema. Durante meu mandato, não por meu mérito, mas por causa do componente dos pesquisadores que correm nesse campo, o Inpe passou a ser projetado para monitorar o desmatamento em todos os biomas brasileiros, não apenas na Amazônia. Essa impressionante tarefa foi realizada por meio de pesquisadores e contou com cerca de 70 milhões de reais do conhecido Fundo Amazônia, do qual o atual governo federal é tão crítico. Na verdade, mesmo durante a campanha presidencial de 2018, o então candidato Jair Bolsonaro começou a dizer que não acreditava em reposição climática e que não valorizava a manutenção da floresta. Ele até falou contra os agentes do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]. As críticas já me abalaram muito.
No governo de Michel Temer, fui responsável, em combinação com a então presidente do Ibama, Suely Ara-jo, por melhorar um acordo de colaboração técnica entre o Inpe e o Ibama. Essa cooperação proporciona acesso automático do Ibama aos alertas diários de desmatamento fornecidos por meio do Deter. A fórmula fornece coordenadas geográficas para que a equipe do Ibama possa interferir na fiscalização. Esse conhecimento é mantido em sigilo por 10 dias, para não notificar os desmatadores de que a fórmula os bloqueou e dar tempo ao Ibama para preparar suas ações. Não existe esse procedimento para o Inpe não repassar conhecimento ao Ibama, como afirma o governo federal. Eles simplesmente não têm conhecimento do alerta de desmatamento se não acessarem o Deter. Esse acordo expirou em novembro de 2018 e, com a posse do novo governo federal, esperava que houvesse uma conversa antecipada para sua renovação. Não discuti o assunto com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, mas com meu superior imediato, que não deu nenhuma importância ao assunto. Então, em janeiro do ano passado, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, apresentou a primeira denúncia contundente do Deter. Ele disse que a fórmula não tinha conhecimento preciso suficiente para o Ibama agir. Por essa razão, eles procuraram usar as instalações de uma empresa americana, a Planet, que também é muito boa. Salles disse várias verdades sobre o Deter. Isso me incomodou.
Eu e o pessoal da Coordenação de Observação da Terra do Inpe escrevemos uma nota, que publicamos em nosso site. Explicamos que não era necessário ter uma resolução de 3 por 3 metros, como o ministro defendia, para ver se há desmatamento. A copa de uma árvore na Amazônia tem de 10 a 20 metros. Ninguém do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações [MCTI] deu importância para nossas explicações. Comecei a ficar bastante preocupado. Em seguida, Salles fez três reuniões em Brasília com militares, gente do Ibama e da Planet. Ninguém do Inpe foi convocado. Fui informado por dois militares que participaram das reuniões sobre o que estava ocorrendo. Salles não sabia do que estava falando. A Amazônia tem cerca de 5 milhões de km². Para processar imagens com resolução de 3 por 3 metros, como ele queria, seria necessária uma capacidade computacional duas vezes superior à do melhor supercomputador que temos, o Santos Dumont, do Laboratório Nacional de Computação Científica [LNCC]. A Coordenação de Observação da Terra do Inpe publicou outras notas técnicas que encaminhei ao MCTI, mas nunca tive resposta. Algum tempo depois, por volta de março, falei em Brasília com o responsável por outra secretaria do MCTI, um cientista muito bom, que não era meu superior imediato, cujo nome não vou revelar. Consegui marcar uma reunião com ele. Queria propor ao governo federal que realizasse uma inspeção in loco, a partir dos dados de desmatamento do Inpe, como já foi feito no passado, para comprovar que nossas informações eram corretas. Saí bastante satisfeito do encontro.
Uma semana depois, fui chamado a Brasília através do Secretário Executivo do MCTI e do meu líder imediato. Fui criticado por lidar com o desmatamento com algum outro departamento, não com eles. Eles disseram que cabe ao governo federal dizer se o conhecimento do desmatamento merece ser publicado ou não. Eu argumentei que sim e que o conhecimento ainda estaria disponível. Ele disse que o Inpe era uma instituição respeitável, que ele tinha uma chamada como cientista e que ele não ia desistir disso. Deixei a assembleia em um cenário complicado. Depois disso, os ataques passaram a ser mais diretos para mim e para o conhecimento do Inpe. Ao mesmo tempo, vi que os alertas do Deter indicavam um acúmulo de desmatamento na Amazônia. Enviei um relatório do palco ao líder do gabinete do Ministro Pontes, mais uma vez, nunca me foi dada uma resposta. Até o início de julho, o general Augusto Heleno [ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional] concedeu entrevista ao canal britânico BBC, alegando que o conhecimento do INPE sobre desmatamento foi “manipulado”. Uma hora e meia depois, antes mesmo de ler a entrevista, recebi ligações da BBC, colegas da Sociedade Europeia de Física e do Met Office. Todo mundo estava procurando saber o que estava acontecendo com o conhecimento do Inpe. O governo federal não percebeu o que significava atacar o conhecimento do INPE no contexto externo.
Exatamente. No exterior, a respeitabilidade do Inpe está totalmente consolidada. Infelizmente, o governo, ou seja, o ministro Salles, não tem fluxo na comunidade clínica. Mas não esperava que o ministro Marcos Pontes reagisse aos ataques. Para acessar, tive que contatar alguém acima de mim, que ainda bloqueia meu acesso. Bridges é o exército e as nomeações com ele são muito diferentes do que acontece com um ministério civil. Em seguida, escrevi uma carta direta ao ministro Pontes, detalhada, explicando que esse confronto entre o Inpe e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) pode não continuar. Isso seria muito prejudicial para o país. Propus que eu interprete o ministro Salles e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Eu me forcei a me mudar para Brasília para comunicar pessoalmente sobre todos os dados do Inpe. Se eles estivessem procurando por ele, poderíamos expandir o equipamento de computador para ter maior acesso aos dados. Eu acho que é muito vital para absolutamente acalmar este estado de confronto. Enviei a carta ao Ministro Pontes, ao Secretário Executivo do MCTI e ao meu líder imediato. Mais uma vez, ninguém respondeu. Isso está documentado no sistema de dados eletrônicos do governo federal, o SEI, que é livremente acessível.
Foi membro de um doutorado na Universidade Fluminense (UFF) em Niteri. Eu só sabia sobre a entrevista à noite, quando fui ao espaço do meu irmão na mesma cidade e li as notícias. Tenho que dizer que ele estava muito doente. Felizmente, eu estava com minha esposa e um colega. Neste momento, os editores me ligaram e a primeira chamada que ganhei veio de um jornal em Portugal. Em princípio, escolhi não responder. Procurei a entrevista em si. Às vezes, o que está escrito no jornal não é exatamente o que foi dito. Mas quando vi a entrevista, fiquei surpreso. O presidente disse que não só o conhecimento era uma mentira, mas provavelmente estaria, no máximo, servindo uma ONG, ao contrário dos interesses do Brasil. Foi um ataque muito sério. Dizer, para um cientista, que seu conhecimento é falso pode significar o fim de sua carreira. E o conhecimento não era meu, mas meus colegas do Inpe. Se um gestor público tem dúvidas sobre a conduta de um servidor público, sua responsabilidade legal imediata é abrir uma investigação. Se você não fizer isso, você adiou. Se o presidente tinha essa dúvida, por que não abriu uma investigação contra mim? Ele diz coisas sem pensar.
Acho que o Ministro Pontes me viraria para falar sobre o palco. Esperei até o meio-dia do dia seguinte e digeri o que ouvi. Como não houve contato do ministério, comecei a responder aos jornalistas. Algumas outras pessoas até me imploraram para apresentar uma queixa contra o presidente, mas eu entendi que o cenário não era apenas um desafio aos dados do INPE. Foi também um ataque engenhoso e violento à ciência. Acho que tinha duas opções. Ele não fez nada e escreveu ao ministro Pontes para explicar ao presidente. Ou reagiu. Mas se ele reagiu, a reação tinha que ser contundente para ter sucesso na mídia e ter um efeito e de alguma forma proteger o Inpe. Ele disse que o presidente seguiu uma atitude pusilânime e covarde quando fez uma acusação pública sobre uma questão sobre a qual ele não estava qualificado para avaliar. Acho que esperava que ele desistisse, mas deixei claro que ele não desistiria. Eu disse que suas críticas eram uma piada de um garoto de 14 anos que não pertencia ao presidente da República, e que ele não tinha nenhuma relação com ONGs, defendi as pinturas do Inpe. Eu sabia que ele seria demitido. Mas foi uma estratégia satisfeita. O Inpe tem sido tão exposto na mídia que estava em uma posição quase inexpugnável.
Ele esteve em Nova York em meados de novembro para participar de uma convenção na Universidade de Columbia com brasileiros. Um fotógrafo da “Natureza” entrou em contato comigo e acho que ele procurou se comunicar sobre o fator desmatamento no Brasil. Quando nos conhecemos, ele me perguntou se eu me contentaria em ser nomeado como uma das personalidades da revista do ano. Ele observou que a negação e a queixa da ciência tomaram uma posição em vários países e que a minha reação a esses ataques tinha sido a mais contundente.
Meu pai pintou como engenheiro em várias empresas. Nasci em Itajub, Minas Gerais, mas nunca morei lá. Depois, morei em Campinas e depois em São Paulo, onde estudei na escola Caetano de Campos. Meu círculo de parentes se mudou para o Rio quando eu tinha 11 anos. Meu pai foi pintar na Shell e depois na Petrobras. Morávamos em Niteri. Procurei por mim mesmo para ficar na cidade e fiz um exame de engenharia na UFF. Ele gostava de telecomunicações. Uma das poucas coisas inteligentes que o regime do exército fez foi estimular esse domínio. Eles criaram a Telebras e a Embratel. Ele imaginou como um domínio onde não haveria escassez de empregos, mesmo que ele já estivesse encantado com a física. O círculo do cenário econômico da família não é inteligente. Eu tinha um irmão que estava muito doente. Enquanto estudava na universidade, ele treinou um exame frontal pré-universitário à noite.
Aos poucos mudei para física. Eu influenciei muito através de um maravilhoso físico alemão que veio para pinturas no Brasil, Bernhard Gross [1905-2002]. No início do meu terceiro ano na faculdade, eu estava pensando em largar a engenharia e passar para a física. Gross ensinou medições elétricas na UFF. Mas suas oficinas foram no Instituto Nacional de Tecnologia do Rio de Janeiro. Acabei me dando bem com ele e disse que estava pensando em passar da engenharia para a física. Ele me implorou para terminar a engenharia e me mudar para a física no ensino médio. Foi o que fiz, mesmo tendo feito mestrado em engenharia. Minha primeira missão no Inpe.
Em 1970. Passei um ano no Inpe. Mas o orientador do meu professor, indiano Darhambir Rai, contratou para lecionar engenharia elétrica na Unicamp, uma nova universidade, e eu o segui. Embora eu tenha cursdo vários cursos de pós-graduação em física. Em 1972, minha tese de mestrado sobre polarização de ondas curtas na ionosfera, a primeira em engenharia elétrica na Unicamp. Depois fui ao MIT [Instituto de Tecnologia de Massachusetts] fazer um doutorado agora mais próximo da física. Nos Estados Unidos, basicamente no MIT, vários espaços de física estão sendo realizados em outros departamentos. Por exemplo, o exame da física forjada é realizado basicamente em engenharia elétrica. Estudei física com doutorado em engenharia nuclear, porque estava mais interessado em fusão nuclear. Depois do meu Doutorado, que terminei em 1976, voltei para o Departamento de Engenharia Elétrica da Unicamp. Estive lá por um ano e um papel e fui transferido para o Instituto de Física Gleb Wataghin da mesma universidade.
Na época, muito se discutiu sobre a importância da energia nuclear e o desafio dos reatores nucleares. Mesmo antes do choque do petróleo de 1973, havia o medo de buscar novos recursos de poder. Já foi dito que o petróleo um dia acabará e que, a longo prazo, a disponibilidade de combustíveis fósseis será muito reduzida. Por todas essas razões, ele estava interessado na caixa de fusão nuclear. Fiquei na Unicamp até 1982. Depois fui a pinturas sobre fusão nuclear no Instituto de Estudos Avançados do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) de São José dos Campos. Também comecei a trabalhar meio período com o professor Ivan Nascimento, do IF-USP, para construir um dispositivo chamado tokamak, uma câmara de contenção magnética de plasma de alta temperatura. Eu tinha uma visão muito próxima dela. Fazer física no Brasil não foi suficiente. Era vital expandir nossa própria equipe. Em 1983, participei de um festival de educação pública na USP. Até 1991, morei em São José e fui para a USP. A partir deste ano, entrei em um festival para me tornar professor titular e comecei a correr em tempo integral na USP. Mantive meu apartamento em São José e estabeleci outro apartamento em São Paulo. Fiquei na faculdade a semana toda e nos fins de semana fui para São José dos Campos.
Para ser honesto, a física plasmática não é uma área de fronteira, como a física de alta potência. Não temos nada mais básico para notar neste campo já bem evoluído. Mas plasmas são sistemas muito complexos. Na física, há dois eixos principais. O que chamamos de reducionista, que é de Einstein, é basicamente repast por causa da física de alta potência. Esta linha busca leis básicas, que explicam todos os processos de ervas, combinando outras teorias. É um campo impressionante e desafiador, muito apreciado na ciência. Mas há a física de sistemas complexos, que inclui física plasmática e estudos de substituição climática, por exemplo. Esta física usa equações básicas conhecidas, mas seus sistemas são tão complexos que é muito difícil esperar por sua evolução. Uma pequena substituição em situações iniciais pode levar a outros efeitos. Na década de 1960, havia grande esperança de que a fusão produzisse efeitos inteligentes e se tornasse uma fonte viável e segura de produção de energia. Mas isso nunca aconteceu. Físicos de campo disseram que temos que esperar mais 30 anos. O palco virou piada e gerou muitas críticas. Mas o fato é que a evolução dos estudos tradicionais sobre fusão nuclear, através da contenção de plasma magnético a temperaturas incrivelmente altas, tem um complexo considerável. Entre o início e o final da década de 1990, a fusão nuclear controlada foi recebida na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, em um dispositivo chamado TFTR, e no laboratório europeu jet no Reino Unido, onde trabalhei no passado. O que ainda não podemos fazer é produzir, com o processo de fusão, mais energia do que gastamos para manter os reatores de plasma funcionando.
Para que as reações de fusão aconteçam e o plasma produza energia, é obrigatório ter sucesso a uma temperatura constante de mais de 110 milhões de graus Celsius interno aos reatores. Quando passa na ordem de 2.000 graus, o draconsistente ioniza e perde uma grande quantidade de energia consistente com a radiação. Eu uso a seguinte analogia para este problema: é como fazer uma lareira com madeira chuvosa ou verde. Ele até queima, no entanto, você tem que instalar tanto uma chaminé para que a temperatura seja tão alta e a água evapora que o esforço não vale a pena. Na fusão, muito mais energia é gasta do que é produzida. Mas por curtos períodos de tempo, essa limitação já triunfou no exterior.
Centenas de milissegundos, na verdade curto. Mas um reator de plasma tem que funcionar quase continuamente. Volto à analogia de como a ciência pensa que contorna essa limitação. Para evitar desperdício de energia, precisamos construir um enorme local de chaminé com madeira chuvosa. Portanto, direcionaríamos a chama para o centro do local da chaminé para que a temperatura nesse domínio atinja graus muito altos antes que o local da chaminé desapareça. É por isso que o Iter, a maior alocação de reator tokamak subestruturado no sul da França, será maciça e cobrará cerca de 20 bilhões de euros [o ITER pretende demonstrar a viabilidade econômica e clínica da produção de energia a partir da fusão nuclear]. Fomos convidados a participar do ITER quando o ministro da Ciência e Tecnologia era Sergio Rezende, mas o cargo era muito alto. Hoje, os americanos pensam que podem se fundir com máquinas menores e menos caras, no entanto, isso ainda não foi provado.
Acredito que, com Ivan Nascimento, foi para construir em 1981 na USP o primeiro tokamak da América Latina, o TBR-1, que funcionou até 1995. Era muito importante exercitar outras pessoas e estamos recebendo alguma atenção estrangeira. Com nosso trabalho Como nosso dispositivo é pequeno, procuramos nichos de estúdio onde possamos produzir qualquer coisa de interesse, mesmo para os laboratórios mais complexos. A estratégia valeu a pena e em 1984 ganhei o Prêmio Manuel Sandoval Vallarta do Instituto Internacional de Física Teórica (CIPT) na Itália. Infelizmente, devido à falta de ajuda para projetos primários, a física plasmática perdeu estudos qualificados no exterior.
72 anos
Especialidade: Física plasmática
Instituição: Universidade de São Paulo
Educação: Graduado em Engenharia de Telecomunicações pela Universidade Federal Fluminense (1969), Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (1972) e Doutor em Física de Plasma Aplicado pelo Massachusetts Institute of Technology (1976)
Produção: 219 artigos em revistas clínicas e capítulos de e-book.