No Brasil:
Na Venezuela:
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela transmitiu ao Supremo Tribunal todas as atas de votação agora registadas. As atas, porém, foram alvo de muita cautela, depois de a oposição ter acusado, como era de se esperar, de fraude e ela própria ter anunciado o resultado com base em atas falsificadas.
O governo brasileiro e o Itamaraty, de forma inédita, solicitam a ata. Dizem que é condição para verificar os efeitos das eleições, da vitória de Nicolás Maduro. A justiça venezuelana nomeia os acusadores para apontar a fraude que, segundo eles, existe.
Agora será preciso ver se a inédita convocação brasileira (para apresentar a ata de reconhecimento do resultado) foi uma forma de criar as condições para moldar a vitória do vencedor ou será algum outro recurso para continuar o exercício. tensionar e interferir no processo institucional do país vizinho e ex-aliado.
Para muitos brasileiros, a virada diplomática do Brasil continua sendo uma explicação.
As palavras indelicadas, a desconfiança generalizada, as interpretações distorcidas, o retrocesso de passos, as novas alianças, são esclarecidas de forma transparente. Tudo ainda é muito nebuloso. Poderia haver uma mudança na identidade ideológica do governo Lula?Poderia haver uma adesão, uma capitulação aos métodos coordenados com Washington?
O confronto com o governo da Nicarágua, um ex-aliado, acaba sendo um sim. Nesta nova edição, os direitos humanos são usados como arma de pressão.
No caso da Venezuela, a mudança de atitude de Lula na postura brasileira tem sido notável. Lula chegou a dizer que Maduro terá que ser avisado para perder, sugerindo de antemão o resultado das eleições e insinuando alguma insurreição do presidente venezuelano. Lula impôs restrições ao impeachment de um candidato inelegível e optou por incluir no discurso de campanha de Maduro o objetivo de eliminar o risco de derramamento de sangue se ele perder a eleição. Tudo isso é incorreto e doentio. -Posições informadas.
Do lado presidencial e diplomático brasileiro, o cenário começou a ser publicamente tingido de preconceito e mau humor. Nos corredores dos palácios de Brasília é possível ver o cansaço, pois o Brasil já havia pago caro por seu dinheiro na Venezuela, sem dar explicações. O que valia a pena era muito caro para o país.
Não é que o golpista Edmundo González, candidato da agente norte-americana María Corina Machado, tenha se recusado a assinar o acordo anterior para respeitar os efeitos das eleições. Nem mesmo o fato de que eles pediram às forças armadas venezuelanas que se levantassem em um exército. Embora González tenha se declarado presidente, apareceu um novo Juan Guaidó, que foi apoiado sem demora pelos Estados Unidos.
Mas o mais importante é o seguinte. É preciso fazer uma avaliação política da situação: há uma tentativa de golpe de Estado no país liderada pela extrema direita fascista, aliada a Bolsonaro e Javier Milei, com os Estados Unidos. E o Brasil infelizmente se desvia disso. Essas são as forças do jogo político. Na questão venezuelana, o Brasil de Lula está no mesmo aspecto de seus adversários internos, a extrema direita bolsonarista, e de adversários externos, como Javier Milei.
O governo diplomático e o comando político do país fizeram uma má escolha dada a vontade e o pulso do embate político e ideológico do momento. São decisões sérias tomadas por quem parece ter perdido o rumo, na clareza de direção. centralidade do embate com o seu principal adversário: o imperialismo norte-americano.
As tensões envolvidas nisso por meio de Lula3 não são mínimas, a ponto de a liderança do PT insistir em detectar Maduro, provocando tensões dentro da “esquerda global”. Observadores do MST (liderados por João Pedro Stedile) e da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia também atestaram a regularidade da eleição de Maduro.
O conselheiro Celso Amorim admitiu na televisão que a posição brasileira enfrenta resistência “nas redes”.
Enquanto isso, a Venezuela volta à normalidade, seguindo seus processos institucionais, tolerando condescendentemente a arrogância brasileira. O Brasil está desperdiçando aliados, cruzando caminhos com seus parceiros do sul e correndo o risco de desperdiçar toda a relevância.
Faltam Marco Aurelio García e Samuel Pinheiro Guimarães para sair deste beco.
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