Maré favorável para podcasts oceânicos

A Rede Ressoa é uma missão colaborativa para a ciência e divulgação oceânica. →

É bióloga pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), bolsista Fapesp em Ciências da Mídia no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp. Atua desde a comunicação científica até a cultura oceânica e o acesso aberto à sabedoria dentro da rede Ressoa Oceano. →

Germana Barata é bióloga de formação, mestre e doutora em história social, jornalista científica e pesquisadora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). →

Professor de biologia da escola pública de Alagoas, ele está cursando doutorado em biologia e conservação dos trópicos (UFAL). →

Ao procurar um destino de férias, esporte ou meditação, não é incomum que a escolha esteja relacionada ao ambiente marinho. Apesar disso, os brasileiros não se sentem ligados ao oceano. Um estudo recente indica que mais de uma parte da população pesquisada acadêmicos dizem que não têm conexão com o ambiente marinho em seu dia a dia e algumas outras pesquisas mostram que cerca de 40% dos brasileiros acreditam que seus movimentos não têm efeito na conservação dos oceanos. Uma das táticas para aproximar a sociedade do oceano é por meio de podcasts, que se tornaram cada vez mais populares desde a pandemia de COVID-19. Uma pesquisa recente indica que existem mais de 50 disponíveis apenas para cuidar do oceano, uma riqueza a ser explorada.

O podcast é um arquivo de áudio virtual, transmitido periodicamente, muito amigável ao rádio. A diferença é que o usuário pode ficar atento a ela a qualquer momento, enquanto cumpre outras responsabilidades (durante a prática de exercícios físicos, no transporte público ou durante a realização de tarefas familiares, por exemplo). Também pode ser baixado, armazenado, distribuído sem problemas e acessado gratuitamente.  

Este tipo de recurso de áudio oferece vantagens em relação aos meios impressos e televisivos por permitir a criação, através da voz, de uma forma de comunicação mais descontraída, ponderada e afetiva e por aproximar o ouvinte de temas aplicáveis. De acordo com um estudo realizado pelo psicólogo social Michael Kraus, da Universidade de Yale, a audição é mais eficaz na detecção de emoções numa troca verbal do que a nossa visão através da expressão facial.

O Brasil é o terceiro país do mundo com o maior número de consumidores de podcast, cuja popularidade aumentou nos últimos 10 anos, especialmente durante a pandemia. De acordo com a Pesquisa de Domicílios de TIC de 2023, a porcentagem de ouvintes de podcast na população em geral aumentou de 10% em 2019 para 22% em 2022 e 29% em 2023. Embora essa tendência de busca de dados não se limite a um único domínio do conhecimento, estudos por meio da Associação Brasileira de Podcasts (Abpod), realizados entre 2019 e 2020, indicam que os temas clínicos parecem ocupar a terceira posição em gostos e interesses pessoais dos ouvintes, atrás da cultura pop e do humor.  

Os esforços globais para implementar a Década do Oceano, a partir de 2021, têm se concentrado em mudanças de comportamento e movimentos que podem neutralizar a deterioração do oceano, que tem contribuído para as mudanças climáticas e eventos extremos, como os que testemunhamos. Acidificação e aquecimento das águas salgadas, branqueamento de corais, aumento do nível do mar e aumento das chuvas são apenas alguns desses impactos. Diante de tantos problemas complexos, será obrigatório envolver todos os atores sociais do mundo se os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), explicados pelas Nações Unidas até 2030, que devem ser alcançados, forem alcançados. Entre eles está a cobertura da vida na água (ODS14), que depende de uma comunicação eficaz para que possamos “saber preservar”.  

Entre as inúmeras iniciativas de comunicação, tem-se registado um forte aumento de podcasts fiéis exclusivamente à chamada cultura oceânica. Uma pesquisa realizada através da rede Ressoa Oceano nos agregadores Spotify, Google Podcasts e Apple Podcasts, resultou em 52 podcasts que abordam comunidades pesqueiras, entrevistas com profissionais que interagem de forma inspiradora com o oceano, resumem as maravilhas e efeitos dos estudos. sobre as regiões polares, incluindo o Ártico e a Antártida, fósseis, biodiversidade, fenómenos marinhos e muito mais.

A maioria dos podcasts conhecidos (75%) são lançados entre 2020 e 2021, época que coincide com os dois primeiros anos da pandemia e o início da Década dos Oceanos. A maioria é fruto de iniciativas individuais, muitas já colaborando com o oceano, ou com universidades e institutos de estudo, o que mostra um receio de compartilhar parte da sabedoria produzida com a sociedade.

Apesar da expansão dos podcasts no período, a grande maioria ficou inativa, sendo que apenas 23,1% ainda estão ativos. A descontinuidade dos sistemas não é exclusiva desta área e muito menos do Brasil. Num inquérito global, esta tendência também é detetada e reflete um aumento acentuado na criação de podcasts em 2020 e 2021, bem como uma redução massiva nos anos seguintes.

A descontinuidade de alguns podcasts pode ter outros motivos, como falta de financiamento, encerramento de projetos que tinham duração constante, algo muito comum em chamadas de estudos públicos e pessoais. Por outro lado, em alguns casos, observamos que a descontinuidade do podcast possivelmente estaria relacionada à própria natureza do programa. Alguns deles foram estruturados em formato de série com o objetivo de contar uma história fechada e, portanto, termina como um livro, mas ainda é acessível.

Felizmente, existem projetos de investimento em podcasts, como as chamadas anuais do Instituto Serrapilheira, que já investiram 1,25 milhão de reais em 19 podcasts. Desde 2020, a instituição anuncia convocatórias anuais para financiar até oito podcasts “hospedados por negros e contendo histórias inteligentes nas quais a ciência e o enfoque clínico desempenham um papel central”. Entre as propostas apoiadas na edição de 2023 está “O mar não é para peixes”, coordenado pelo jornalista Herton Escobar, da Universidade de São Paulo (USP), que aborda os efeitos das atividades humanas e das mudanças climáticas em cinco episódios. ocean. Array questões-chave para a conservação da vida no planeta.

Há também trabalhos de divulgação clínica financiados pelo CNPq. É o caso da rede Ressoa Ocean, que, em colaboração com a jornalista ambiental Paulina Chamorro e a jornalista Juliana Vilas, produz o podcast “Ressoa: Uma janela para o mar”. A produção abordará os ecossistemas costeiros e marinhos que o Brasil oferece em dez episódios, descrevendo as facetas básicas desses ambientes para a sociobiodiversidade. O podcast contará com a participação de diversas vozes, cientistas, líderes de redes clássicas, estudantes, crianças e público em geral não especializado. O lançamento será anunciado nos próximos meses em Ressoa e nas redes sociais.    

Podcasts exigem investimento, técnica e dedicação. A primeira onda conhecida de podcasts indica o enorme potencial desta mídia para afastar o público do mar. Cativar o público pode ser um passo vital para incorporar o oceano nas nossas vidas.  

Escolhemos cinco podcasts para mergulhar você em histórias e curiosidades sobre o oceano e navegar por insights inspiradores. Usamos podcasts com outros temas como critério de variedade para mostrar que falar sobre o oceano é falar sobre muitos espaços de conhecimento. Porque, para conhecer o oceano, em sua importância, teremos que navegar entre as águas vegetais e humanas, podendo assim perceber as demais facilidades que ele proporciona para o nosso bem-estar e o de todas as outras burocracias da vida na Terra.

“A vela nas artes tem uma técnica que não se limita à navegação ou ao ponto de vista do atleta. Tem uma perspectiva mais educativa, entendendo aquele encontro com o barco, com a vela e o nosso encontro com a Represa Billings e todo o ambiente que a cerca (. . . ) mas ainda precisamos levar os jovens para curtir o mar, de uma forma barco maior. até porque muitos nem notaram o mar, e menos ainda embarcaram em um barco no mar”, contam seus fundadores ao podcast Maré Sonora em abril de 2024. A comissão Navegando nas Artes nasceu em 2016 e trabalha com jovens do periferia, a partir de 4 anos, para ingressar na Represa Billings, em São Paulo, através do veleiro decorado com grafites.

“As ascídias são invertebrados marinhos que poucas pessoas conhecem, mas fazem parte dessa organização evolutivamente mais semelhante aos vertebrados. Pelo menos, essas são as hipóteses mais recentes que temos”, diz o biólogo e especialista em ecologia e sistemática. de ascidice, Tito Lotufo, ao podcast Cientista do Mar, em julho de 2021. Segundo o biólogo, as ascídias são animais porque são um exemplo muito vital de que a evolução não tem direção, não pretende tornar as coisas mais complexas. São organismos morfologicamente inegáveis, alimentam-se de filtros e vivem constantemente no fundo do mar, como esponjas.

((o))eco é um veículo jornalístico sem fins lucrativos fundado em 2004 que tem como objetivo documentar desafios, retrocessos e avanços em temas semelhantes à conservação da natureza, biodiversidade e política ambiental no Brasil. Precisamos dar voz aos animais e às plantas. , através daqueles que desejam.  

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Você pode ver como esse pop-up foi configurado em nosso guia passo a passo: https://wppopupmaker. com/guides/auto-opening-announcement-popups/

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