Enquanto o Brasil sofria, Bolsonaro fez um passeio de jet ski, foi hospitalizado por motivos difíceis de entender e persistiu em sua cruzada criminosa contra a vacinação, desta vez voltada para crianças, que são prioridade para a cobertura social, segundo o prestígio da criança e do adolescente. . . As notícias falsas sobre a vacina, espalhadas pelos bolsonaristas e seus apóstolos, e a apresentação de epidemiologistas em favor da cobertura de outros jovens através da deputada Bia Kicis estão entre os arquivos sujos seguidos da horda de ódio e ignorância.

Uma demonstração de horror morto em um país já assolado por erros ambientais, sendo o mais recente a onda de calor e a seca no sul, e enfrentando outro pico de Covid com a propagação imediata da variante Ômicron, com um apagão parcial das Estatísticas do Ministério da Saúde.

Mas, como diz o provérbio português, não há mal que dure para sempre: os epidemiologistas dizem que será o último ano da pandemia. No momento da redação, 1,2 milhão de doses da Pfizer estão chegando ao aeroporto de Guarulhos para vacinar os jovens, segundo grupos de precedência. Um estímulo que, infelizmente, foi deixado para trás devido à rede escolar no início do ano letivo, que só pode consagrar o Brasil como um dos detentores do registro de mortes de crianças por coronavírus, como ele alertou. na semana passada, por meio da Sociedade Brasileira de Pediatria.

No lado político, a notícia também está melhorando, com a rejeição transparente de Bolsonaro por 66% da população, e a ascensão de Lula nas urnas eleitorais. E isso não é apenas uma opinião política: acusar Bolsonaro é um ato humanitário e um fator democrático (veja o relatório da Human Rights Watch) e Lula acaba sendo o único candidato viável na corrida. Especialmente se ele conseguir a aliança com Geraldo Alckmin, o que seria para mim uma “vacina” contra a antipatia da imprensa em relação ao candidato do PT. Estamos fartos de falsas equivalências e vieses editoriais.

O último milagre da trapaça no momento acaba por ser o de natureza econômica e ambiental, intrinsecamente ligado às tragédias que estamos testemunhando. Se ainda não há consenso sobre as razões iniciais para a pandemia, e se o peso preciso que o clima vai reabastecer tem sobre enchentes e secas, o que é certo é que o agregado do desmatamento e da desigualdade já escolheu suas grandes vítimas: as populações mais pobres e vulneráveis, que contam mais diretamente com a natureza para viver – se a agricultura está relacionada, como povos indígenas e quilombolas, ou aqueles que vivem às margens do rio nas favelas de Itabuna. Também serão as grandes vítimas dos excessos que prometem se multiplicar e acentuar com o aumento do aquecimento global que, no Brasil, tem o desmatamento e a agricultura como principal motor.

Um novo governo em 2023 terá que ir muito além do Bolsa Família para que o Brasil volte aos trilhos. Também terá que fazer mais do que reconstruir as políticas ambientais destruídas por Bolsonaro. Não há longo prazo sem adicionar clima às prioridades nacionais. Nem desigualdades que diminuem sem a passagem social de mãos dadas com estratégias ambientais. É esse debate que terá que ser provocado nas campanhas eleitorais.

Se 2018 foi o ano do retorno ao passado, maio de 2022, no entanto, nos levará ao futuro.

 

Por Marina Amaral, Diretora Executiva e Editora-Chefe da Agência Pública

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